10.357km em linha, Porto Alegre (2009)
Mostra de desenhos a caneta bic e lançamento do livro-objeto Résonances.
Visitação: de 28 de outubro à 29 de novembro de 2009.
Local: Museu do Trabalho, Rua dos Andradas, 230, Porto Alegre/RS
Release
Desenhos enormes produzidos com caneta bic, em gestos mínimos. Esse foi o mote para a exposição de Teresa Poester 10.357 km em linha.
São desenhos de 150x150cm e três de 100x150cm feitos com caneta esferográfica bic sobre papel Montval.
Teresa realizou, junto com a artista francesa Marianne Chanel, uma exposição na galeria Ars117 em Bruxelas intitulada 17.000 kilomètres em ligne.
Procurando dados sobre a conservação da tinta das canetas esferográficas, a artista se deparou com algumas informações desencontradas sobre a distância percorrida por uma caneta bic. Nunca descobriu o comprimento exato da linha mas resolveu propor o título pois ambos os trabalhos, embora muito diferentes, tinham como ponto comum uma idéia de linha.
A artista retorna agora à mesma idéia pensando nas distâncias que percorreu com linhas durante todos os seus percursos no papel, ao longo dos últimos trinta anos em que se dedica ao desenho. Poderia ser um número qualquer mas resolveu escolher a distância entre Porto Alegre e Eragny-sur-Epte na França, duas cidades onde viveu nos últimos 10 anos e onde estes trabalhos foram realizados.
TP por ela mesma
Quando comecei a expor em Porto Alegre em 1978, procurava traduzir a representação alegórica de personagens sob a influência da situação do Brasil naquela época, da pop e da arte naif. Depois de um longo período morando na Espanha, comecei a pintar e a pintar paisagens que se tornaram cada vez mais abstratas. Aos poucos compreendi que não me interessava mais o assunto como eu estava pintando.
As pinturas da série paisagens deram origem às da série janelas, enquadramento das paisagens, numa abstração mais geométrica, que por sua vez se transformaram na série das grades, repetição das janelas ortogonais.
Durante esse período fui morar na França e a pintura retornou gradativamente ao desenho. Embora os materiais gráficos sejam os mesmos dos desenhos do início, o desenho se afasta da figuração para se tornar o registro de um gesto rápido como uma luta de esgrima. Esses gestos repetitivos se fecham progressivamente numa trama opressiva da qual eu parecia não poder sair.
Aos poucos compreendi que os desenhos das grades tinham ressonância com as árvores e os galhos secos no inverno da paisagem onde habito periodicamente na França, em contato direto com a natureza. A luta anterior se torna uma dança, os traços retos e marcados se transformam em linhas orgânicas. Desenhos que evocam a vegetação morta do inverno se transformam em desenhos de verão.
Depois de de minha dissertação de doutorado - Fronteiras da Paisagem: janelas e grades - procuro mostrar que a paisagem propicia o processo de abstração na pintura.
Esse trabalho parte da pintura para retornar ao desenho. A linha, segundo minhas constatações, traduz mais fielmente o gesto do que a mancha.
Linha é movimento, seqüência de um ponto que se desloca no tempo e no espaço. Cores e massas são progressivamente dispensadas.
A exposição 10.357 km em linha que agora apresento no Museu do Trabalho, é depuração do desenho utilizando materiais os mais simples e ao alcance da mão, materiais de escrita, como é o lápis grafite e, agora, a caneta esferográfica.
Porto Alegre, 2009
10.357km em linha - Teresa Poester - Estação Cultura - TVE
5'00''
Reportagem exibida no Estação Cultura da TVE sobre a exposição 10.357km em linha de Teresa Poester.